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domingo, 14 de janeiro de 2024

Disciplina - parte 5 - Passes Mágicos



Os passes mágicos são um sistema de movimentos desenhados para alcançarmos silêncio interior e, portanto, uma manobra prática e efetiva contra a mente do predador. Foram descobertos por xamãs do México antigo em estados xamanísticos de consciência intensificada e foram organizados por Carlos Castaneda e seu grupo. 

São capazes de produzir um nível de energia e de habilidade incomuns no corpo do praticante, pois redistribuem e recanalizam a energia que perdemos com as preocupações e ansiedades cotidianas de volta para os nossos centros vitais. 

Esses xamãs tinham e tem um profundo foco na saúde e no bem-estar em níveis de excelência, e esses passes estão impregnados desse intento, por isso são chamados de mágicos, pois transformam nosso corpo de forma mágica.

***

O que é Tensegridade?

Tensegridade é a versão modernizada de alguns movimentos conhecidos como passes mágicos desenvolvidos por índios xamãs que moraram no México em épocas anteriores à Conquista Espanhola.


Épocas anteriores à Conquista Espanhola é um termo usado por Dom Juan, um índio mexicano xamã que apresentou Carlos Castaneda, Carol Tiggs, Florinda Donner-Grau e Taisha Abelar ao mundo cognitivo dos xamãs que viveram no México nos tempos antigos que, segundo Dom Juan, foram de 7000 a 10.000 anos atrás.


Dom Juan explicou a seus estudantes que aqueles xamãs descobriram que, através de práticas que ele mesmo não podia penetrar, é possível para os seres humanos perceber a energia diretamente como ela flui no universo. Em outras palavras, segundo Dom Juan, aqueles xamãs diziam que qualquer um de nos pode se livrar por um momento do nosso sistema de transformar o influxo de energia em informação sensorial própria ao tipo de organismo que somos. Os xamãs afirmam que, transformar o influxo de energia em informação sensorial cria um sistema de interpretação que transforma o fluxo de energia do universo no mundo da vida cotidiana que conhecemos.

Dom Juan explicou ainda que uma vez que os xamãs dos tempos antigos estabeleceram a validade da percepção direta de energia, que chamaram visão, eles a refinaram usando-a neles mesmos, isso quer dizer que eles percebiam uns aos outros, sempre que queriam, como um conglomerado de campos energéticos. Para aquele que “viam”, os seres humanos percebidos de tal modo eram como esferas luminosas gigantes. O tamanho de tais esferas luminosas é o comprimento dos braços abertos.

Quando os seres humanos são percebidos como conglomerados de campos energéticos, um ponto de luminosidade intensa pode ser percebido nas costas, na altura da clavícula a uma distância de um braço. Antigamente, as pessoas que vêem, que descobriram esse ponto de luminosidade, o chamavam de ponto de aglutinação, porque eles concluíram que é aí que a percepção se aglutina. Eles perceberam, auxiliados pela sua visão, que naquele ponto de luminosidade, o local que é homogêneo para a humanidade, convergem zilhões de campos energéticos na forma de filamentos luminosos que constituem o universo. Ao se convergirem para lá, eles se tornam informações sensoriais, que são utilizadas pelos seres humanos como organismos. Esta utilização da energia convertida em informação sensorial foi considerada pelos xamãs como um ato de magia pura...energia transformada pelo ponto de aglutinação em um mundo verdadeiro, global no qual os seres humanos como organismos podem viver e morrer. O ato de transformar o influxo de pura energia num mundo perceptível era atribuído pelos xamãs a um sistema de interpretação. Sua conclusão arrasadora, arrasadora para eles, é claro, e talvez para alguns de nós que temos a energia para ter atenção, era que o ponto de aglutinação não era unicamente o local onde a percepção é aglutinada pela transformação do influxo de energia pura em informação sensorial, mas é também o local onde ocorre a interpretação da informação sensorial.

A observação seguinte deles foi que esse ponto de aglutinação é deslocado de modo muito natural e não obstrutivo da sua posição habitual durante o sono. Eles descobriram que quanto maior a deslocação, mais estranhos os sonhos que acompanhavam. Destas experiências de ver, esses xamãs pularam para a ação pragmática de deslocar voluntariamente o ponto de aglutinação. Eles chamaram esses resultados concludentes a arte de sonhar.

Essa arte foi definida por aqueles xamãs como a utilização pragmática de sonhos comuns para criar uma entrada para outros mundos pelo ato de deslocar o ponto de aglutinação pela própria vontade e manter essa nova posição, também pela própria vontade. As observações desses xamãs ao praticar a arte de sonhar eram uma mistura de razão e de ver diretamente a energia do universo enquanto flui. Eles perceberam que na sua posição habitual, o ponto de aglutinação é o local para onde converge uma porção específica e minúscula dos filamentos de energia que formam o universo, mas se o ponto de aglutinação muda de local, dentro do ovo luminoso, uma porção minúscula diferente de campos energéticos se convergem nele, tendo como resultado um novo influxo de informação sensorial.: campos energéticos diferentes dos comuns se tornam informações sensoriais, e os campos energéticos diferentes são interpretados como um mundo diferente.

A arte de sonhar se tornou para aqueles xamãs a prática mais absorvente. Durante aquela prática, eles experimentaram estados não igualados de força física e bem-estar, e no seu esforço de duplicar esses estados nas horas de vigília descobriram que podiam repeti-los seguindo certos movimentos do corpo. Os esforços culminaram com a descoberta e desenvolvimento de grande número de tais movimentos, que são chamados de passes mágicos.

Os Passes Mágicos daqueles xamãs do antigo México se tornaram sua possessão mais preciosa. Eles os rodearam com rituais e mistérios e somente os ensinaram as pessoas que eles iniciavam em meio a um enorme segredo. Esta foi a maneira na qual Dom Juan Matus os ensinou a seus discípulos. Seus discípulos, sendo o último elo de sua linhagem chegaram a conclusão unânime de que qualquer outro segredo, sobre os passes mágicos seria contra o interesse que tinham em tornar o mundo de Dom Juan disponível aos outros homens. Eles decidiram, portanto, resgatar os passes mágicos de seu estado obscuro. Eles criaram desse modo a Tensegridade, que é um termo na arquitetura que significa a propriedade das estruturas esqueléticas que empregam elementos de tensão contínua e elementos de compressão descontínua de tal forma que cada elemento opera com o máximo de eficiência e economia. Este é o nome mais apropriado porque é uma mistura de dois termos: tensão e integridade, termos que conotam as duas forças motrizes dos passes mágicos.

Extraído de Readers of Infinity, de Carlos Castaneda, Número 1, Volume 1, 1996. Publicado por Cleargreen, Incorporated, (c) Copyright 1996, Laugan Productions, Incorporated. Todos os direitos reservados.

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Xamanismo e Taoismo, por Nuvem que Passa.

Xamanismo e Taoismo 


"Podes fazer o corpo e o espírito se harmonizarem a ponto de se tornarem inseparáveis? 

Podes tornar tua respiração terna e suave como de uma criança?

Podes anular os pensamentos até purificar toda tua energia?

Podes governar o Império beneficiando a humanidade por meio da não ação?

Podes ser totalmente passivo, vendo abrirem-se e cerrarem-se as portas da Eternidade?

Compreendendo estas coisas podes permanecer como se não compreendesses nada?"

O trecho acima é do Tao Te King, o livro deixado por Lao Tsé ao deixar a China, quando da instauração de um estado de coisas nos quais ele percebeu uma era de deterioração e resolveu deixar o local. Conta a tradição que, ao atingir as muralhas, um dos guardas, admirado de sua sabedoria, pediu-lhe que deixasse algo escrito, para quando o período ruim passasse e novamente as pessoas buscassem o conhecimento essencial. Deixou-nos então o sábio, graças a este misterioso guarda de fronteira, cujo nome não sabemos, o livro, repleto de textos como o que está escrito acima.

O Taoísmo é de natureza xamânica, ou, se quiserem, o Xamanismo é de natureza taoística.

Antropologicamente vamos encontrar em estudos sobre o Taoísmo essa afirmação, é uma tradição que se enquadra no Xamanismo.

Ambas as escolas são caminhos que prezam valores e lidam com paradigmas que fazem da natureza algo vivo e dinâmico, que permeiam a realidade à nossa volta com mundos e seres e que trabalham com o desenvolvimento pleno do ser humano.

Quando chegamos no caminho temos muitas fantasias em nós, muitas projeções que nos iludem e podem mesmo nos confundir a tal ponto que podemos perder o elo com um Caminho e nos conectarmos a coisas fantasiosas apenas porque satisfazem e compensam nossas carências e medos.

A estrutura de um Caminho é complexa e o melhor é não se iludir, pois agir a cada instante como se fosse o último, ter foco no momento, ter um estilo de ação que expressem atitudes implacáveis, astutas, pacientes e gentis, tudo isso com sobriedade e desapego, não são palavras vazias, mas estilos comportamentais que são como katas, treinos onde fazemos os movimentos para ensinar o corpo a agir por si e com eficiência quando necessário.

Artes Marciais diversas emanam do Taoísmo, os Hsiens taoístas das montanhas, eremitas ou vivendo em pequenos grupos em cavernas nas faldas do Himalaia são exemplos de taoístas que têm também a ver com a imagem que temos de um(a) xamã: alguém que cavalga o poder.

As pessoas com as quais estudei tinham uma profunda influência do Taoismo. Oomoto é da região do Cantão, na China. Por isso tenho trabalhado bastante nessa interface entre a abordagem taoísta do mundo, originário de uma cultura complexa e ancestral. e o Xamanismo, que, também é, em seus vários ramos, originário dos povos nativos, em conexão ampla com a ancestralidade.

O Taoísmo aborda a realidade com grande similitude ao Caminho dos(as) guerreiros(as) xamãs¹.

Diferenças apenas no sentido de usar uma outra linguagem, uma linguagem que se afasta mais do ocidente e se parece mais com a linguagem que os antigos Maias, Toltecas, Olmecs e outros usavam.

Cada ideograma da língua chinesa é muito rico em conteúdo. Por isso ler uma tradução do Tao Te King é sempre uma aproximação da expressão original, como ler Nietzsche traduzido é sempre uma aproximação em compreender esse homem que antes de filósofo era um poeta.

Meditar sobre um texto desse permite conexões sutis.

O corpo e o espírito se harmonizam.

Esta é uma proposta do Xamanismo Guerreiro, se considerarmos o termo espírito aqui como o corpo de energia. Considerando ainda espírito como a energia da Totalidade, podemos levar nosso corpo a harmonizar-se com a realidade à nossa volta.

O Xamanismo trabalha com essa ideia e o Taoísmo também, levar o corpo a despertar, a eliminar de si todas as impurezas e toxicidades que possam ter nele se impregnado e então começar uma trilha de poder em direção a plenitude do contato com a energia viva que nos circunda em várias instâncias, uma força polar, uma força que ora opera num espectro, ora noutro, que flui e em seu fluir solve e coagula, criando e destruindo com isso, tudo que existe. Entramos no meio desse fluxo e começamos a aprender como usar esses fluxos para nossos fins, para atingirmos nossas metas.

No Taoísmo, temos um caminho similar e em ambos o que espera o(a) viajante é o frio olho do dragão que mira a ETERNIDADE. 

Por: Nuvem que Passa em Sábado, 03 de Agosto de 2002 - 04:32:28 (Brasília)

Notas

¹ Na linhagem de Dom Juan Matus houve um nagual chamado Lujan, praticante de artes marciais chinesas - Kung Fu - que integrou os Passes Mágicos com a Arte Marcial chinesa. Certa vez, praticando em lugar público,  ouvimos um jovem perguntar ao seu pai ou professor se os movimentos que praticávamos - Tensegridade - era um tipo de super Tai Chi. De outra feita quando praticávamos Tai Chi com um mestre chinês ele repetidas vezes nos perguntou se já tínhamos praticado Tai Chi antes. Parece que ele percebeu em nossa energia uma harmonia decorrente da prática dos Passes Mágicos, o que mostra que Xamanismo e Taoismo, de fato, possuem uma raiz comum, como comprovamos por via direta. Alguns movimentos de Tensegridade são verdadeiros katas, por exemplo: rastreando a energia, movimento ensinado no primeiro seminário de Tensegridade feito no Brasil, no ano 2000.


sábado, 21 de outubro de 2023

As origens do Nagualismo: a organização da serpente




Quais são as origens do Nagualismo? Como surgiu o conhecimento da linhagem de xamãs guerreiros trazida à público pelo nagual Carlos Castaneda?

Segundo o mestre do nagual Carlos Castaneda, o nagual Juan Matus, o Nagualismo é uma tradição milenar, com milhares de anos, aproximadamente 10 mil anos!

A linhagem do nagual Carlos Castaneda, encerrada nele mesmo, é uma das linhagens do Nagualismo. O Nagualismo interessa-se apenas pela reprodução xamânica das linhagens, isso significa que não é um movimento baseado em proselitismo. As linhagens são constituídas por pessoas que possuem certas configurações de energia em função daquilo que é chamado de "o Regulamento da Águia".

Os primeiros praticantes, os primeiros videntes, conhecidos como os Antigos, os antigos feiticeiros, começaram no caminho do conhecimento pela experimentação de plantas de poder.

As plantas de poder foram as primeiras mestras da tradição xamânica dos toltecas.

Partindo desse ponto inicial, pode-se dizer que o Nagualismo é uma sabedoria advinda dos efeitos perceptivos causados pelas plantas de poder nos primeiros toltecas. Dizer isso equivale a dizer que a sabedoria dos toltecas nasceu como uma Sabedoria Verde, uma sabedoria que advém do verde, das plantas, dos fungos e da Terra. Bebendo do cálice da Terra as substâncias produzidas pelas plantas de poder e por seu espírito, os toltecas foram impregnados com sua sabedoria. Como um graal verde as plantas de poder abriram a visão daqueles homens e mulheres à mundos até então inconcebíveis.

Por terem as plantas de poder permitido o acesso dos primeiros toltecas a sabedoria infinita de outras realidades pode-se se dizer que essas plantas de poder ou plantas-mestras, foram para esses homens e mulheres o Nagual.

No Regulamento da Águia ou no Regulamento do Nagual está:

"Com a finalidade de guiar as coisas humanas até essa abertura, a Águia criou o Nagual. O Nagual é um ser duplicado para quem o regulamento foi revelado. Seja na forma de um SER HUMANO, um ANIMAL, uma PLANTA, ou qualquer coisa VIVA, o Nagual, em virtude de sua duplicidade é levado a buscar aquela passagem secreta ".

Então, conforme o Regulamento, o Nagual pode ser humano, animal, vegetal ou mineral, enfim, qualquer coisa VIVA, que possua a configuração apropriada em termos energéticos.

É interessante observar como a bebida Ayahuasca ou Runipan é formada pela junção de duas plantas, consideradas macho e fêmea. Assim também a bebida sagrada da Jurema é formada pela Jurema e uma outra planta, por exemplo, a Arruda da Síria. Aliás, segundo me informaram, a Jurema Preta, cresce em dois locais no mundo, México e Nordeste do Brasil, e foram trazidas de lá para cá em tempos ancestrais pelos Maias.

Vemos também uma forte ligação do Nagualismo com determinados animais tais como a Águia, a Cascavel, o Jaguar, o Coiote, o Veado e a Mariposa.

O Nagual não tem limites em suas formas de expressão.

No caso dos toltecas o Nagual apresentou-se inicialmente na forma e através das plantas de poder.

Há nas diferentes tradições xamânicas relatos, contos, mitos, estórias de como o Espírito sempre enviou mensageiros aos seres humanos em diferentes formas.

No próprio Regulamento da Águia está que o próprio Espírito deu origem ao primeiro par nagual e ao seu grupo de guerreiras e guerreiros.

"O modo como os toltecas começaram a seguir a trilha do conhecimento foi consumindo plantas de poder " – Don Juan, em O Fogo Interior, de Carlos Castaneda.

É bom colocar que o termo tolteca aqui não alude sobre uma cultura ou sobre um império, mas sim sobre mulheres e homens que por terem atingido um determinado nível de consciência e energia se chamavam de mulheres e homens de conhecimento, toltecas, videntes e guerreiros capazes de VER. Toltecas é um sinônimo para "homens de conhecimento" ou para xamãs que são capazes de ver a energia tal como ela flui no Universo.

Após um tempo consumindo plantas de poder eles aprenderam a VER, a perceber a energia diretamente tal como ela flui no Universo. Puderam aprender muito com sua capacidade de percepção ampliada. Lançaram as bases do conhecimento tolteca. Viram o ponto de aglutinação e seu brilho, viram que os seres humanos são bolhas de energia e luz, com configurações específicas, viram outros mundos e conceberam o Universo (Multiverso, em verdade) como um cebola, formado por diferentes camadas que interagem entre si sem se confundirem, perceberam que o ser humano é antes de tudo um ser de percepção e de energia, um viajante do infinito numa viagem de percepção, viram e travaram relacionamento com os seres inorgânicos chamando-os de aliados, perceberam a Terra como um ser vivo, estudaram as emanações da Águia e muito mais. Analisaram e sistematizaram seu conhecimento, passando a ensinar à outros, começaram a formar gerações de videntes. Ficaram fascinados com o que viram e não puderam fugir da atração que sua visão portentosa provocava.

O fascínio do que viram permitiu que eles aprendessem muito sobre as outras realidades, além da realidade de nosso mundo cotidiano, mas isso constituiu-se numa falha fatal para eles. Sabiam lidar muito bem com as outras realidades mas não tinham condições de expressar e manifestar seu poder e conhecimento nessa realidade. O fascínio de sua visão fez com que se descuidassem dessa camada da realidade e quando sofreram ataques ou invasões de outros povos conquistadores, seus aliados inorgânicos não puderam ajudá-los, eles não tinham suficiente poder pessoal para utilizarem-se de seus aliados nesse plano da realidade. 

Muitos sucumbiram. Alguns poucos se salvaram. Esses que se salvaram começaram a rever seu conhecimento diante do abalo que a invasão e a conquista de outros povos significou. Eles se perguntavam: Por que nós conseguimos sobreviver, invocando a força de nossos aliados e outros não? A resposta estava no poder pessoal. Assim o poder pessoal é compreendido pelos videntes que vieram a formar o novo ciclo:

Para adentrar ao nagual é necessário reforçar o tonal. O nome desse reforço é poder pessoal.
O uso de plantas de poder e o fascínio da visão provocado por esse uso tornou os primeiros videntes extremamente dependentes do poder das plantas-mestras e quando tiveram que enfrentar um desafio, como a invasão por outros povos, nesta realidade, não tinham poder próprio, poder pessoal para vencerem o desafio. Os poucos videntes que sobreviveram compreenderam isso, compreenderam que foi seu uso sóbrio de plantas de poder, o poder pessoal que conseguiram acumular através do uso da espreita, do sonho e da intenção que lhes permitiu invocar o poder dos aliados de maneira tal a surtir efeito sobre seus inimigos, a manipular a consciência de seus inimigos de tal forma que eles puderam, por essa manipulação, sofrerem o impacto do poder xamânico daqueles videntes ou, por outra via, simplesmente, os xamãs que dispunham de tal habilidade empreenderam a manobra de deslocar-se para uma outra realidade adjacente a esta evitando o ataque invasor.

Após revisar seu conhecimento e suas práticas diante do efeito devastador da invasão por parte de outros povos indígenas esse videntes, que ficaram conhecidos como os NOVOS VIDENTES, deram início a um novo ciclo do conhecimento tolteca, um novo começo onde o uso de plantas de poder foi diminuído e a ênfase estava na prática da espreita, do sonho e da intenção.

Logo, os novos videntes depararam-se como um novo, terrível e maior desafio: A Conquista Espanhola. Só o fato de terem dado ênfase ao poder pessoal via espreita, sonho e intenção permitiram que eles sobrevivessem a esse duro teste histórico. A arte da espreita levada as últimas conseqüências permitiu mesmo que eles se utilizassem das instituições conquistadoras, como a Igreja Católica, como refúgio e proteção, via infiltração secreta no corpo de membros da Igreja.

A partir do século XVI os novos videntes visando sua segurança fundaram várias linhagens, dividindo-se a fim de preservarem a si e ao seu conhecimento. A linhagem do nagual Carlos Castaneda e do nagual Juan Matus surge nessa época.

Eis a linhagem de Don Juan e Carlos Castaneda a partir do (a) desafiador (a) da morte – 1723 (século XVIII).
  1. Nagual Sebastian – " o nagual que perdeu o céu", segundo Florinda Matus. O Nagual que era sacristão e que primeiramente foi abordado pelo desafiador da morte em uma igreja.
  2. Nagual Santiestaban – mistério !
  3. Nagual Lujan – o marinheiro e praticante de artes marciais que no porto de Vera Cruz topou com o nagual Santiesteban. Recebeu do desafiante da morte 50 dons de poder !
  4. Nagual Rosendo – o nagual que foi enganado pelos seres inorgânicos e teve que resgatar seus pupilos Elias e Amália.
  5. Nagual Elias – o sonhador e artista que reproduzia os estranhos objetos que via em suas viagens no sonhar.
  6. Nagual Julian – o nagual que caminhava à beira do abismo, um tuberculoso que precisava continuamente espreitar a si mesmo para não sucumbir à sua auto-indulgência e sensualidade vivendo até à idade de 107 anos até que partiu para o Infinito, num ousado salto direto à terceira atenção, já que os outros naguais não deram um salto direto, segundo consta no texto recente sobre a Regra do Nagual de 3 pontas.
  7. Nagual Juan Matus – um modelo de sobriedade e elegância.
  8. Nagual Carlos Castaneda – o nagual de três pontas que revelou o conhecimento tolteca ao mundo em suas 11 obras de poder, "literatura" e "feitiçaria".
Antes houveram 8 naguais, perfazendo um total de 16 gerações incluso o Nagual Carlos Castaneda. Essa linhagem de 16 gerações teve seu início já no ciclo dos novos videntes, mas sofreu uma mudança profunda devida a relação simbiótica estabelecida com o Inquilino ou a "Desafiadora da Morte", um dos antigos videntes, que por um misterioso processo de fechamento da fenda de seu casulo luminoso, utilizando-se da energia produzida pelos naguais, e por uma movimentação específica do ponto de aglutinação, conseguiu manter-se vivo por muitos séculos operando nessa e em outras realidades com a totalidade de seu ser mágico, segundo relatos da linhagem de Carlos Castaneda.

Os números 4, 8, 12 e 16 parecem ser números básicos e importantes na estruturação de um grupo nagual.

A abertura do conhecimento propiciada pelo nagual de três pontas Carlos Castaneda inaugura um novo ciclo no conhecimento tolteca. Qual a característica desse novo ciclo ou do ciclo dos novíssimos videntes?

O novo ciclo se caracteriza pelo seu caráter ABERTO. O conhecimento está aí para aqueles que tiverem a decisão e a coragem de agarrarem seu cm cúbico de sorte.

A linhagem de Don Juan encerrou, mas o novo nagual deixou à porta do conhecimento aberta através de uma nova trilha: OS PASSES MÁGICOS.

A divulgação do conhecimento permite a prática por milhares de pessoas em todo o mundo. A prática em massa inaugura uma nova possibilidade: A MASSA CRÍTICA .

A característica essencial do novo ciclo é a possibilidade de uma REVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO NUMA ESCALA AMPLA.

As novas gerações de videntes tem apresentado uma mudança na cor de sua luminosidade, uma predominância do matiz VERDE, que os aproxima dos antigos videntes.

Há também a possibilidade de as linhagens que se extinguiram ou que passaram por um processo de descontinuidade serem retomadas, se houver praticantes suficientemente impecáveis para reestabelecer o "link" com tais linhagens.

Nos foi revelado recentemente o Regulamento do Nagual de 3 pontas que resumidamente nos diz :

Um grupo nagual é formado por guerreiros e guerreiras impecáveis que atuam como membros harmônicos de um corpo, como recíprocos energéticos, seres humanos que possuem características luminosas que os complementam.

Existem quatro matrizes luminosas básicas com doze variantes sintetizadas no homem e na mulher nagual. À medida que um tonal se aproxima do ideal de sua classe, manifesta um grau de consciência superior.

Quando os modelos ideais se encontram , tendem a combinar-se. Os sentimentos de atração entre os seres humanos podem explicar-se como resultado da fusão de seus moldes energéticos. O normal é que tal fusão seja parcial, porém as vezes ocorre uma repentina e inexplicável onda de simpatia; um vidente diria que ocorreu um ato de reciprocidade energética.

Os guerreiros de um grupo se combinam de um modo tal que sua relação produz ótimos resultados no sentido de acumular e ganhar poder.

Um grupo nagual é um organismo de massa crítica. Também chamado de organização da serpente, tal nome é inspirado na forma quadriculada da serpente cascavel.
D.R.

Obs: texto antigo, de 2009.

Sagrado Feminino: Kali.

Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rola...